Conto Terapêutico: A Mulher Que Gritou em Silêncio
Quando o Grito Não Sai Pela Boca, Sai Pela Escrita
Algumas dores são tão antigas que já viraram educação. Aprendemos a sorrir enquanto engolimos sapos, a servir enquanto sangramos. Esse conto é um espelho para mulheres que cresceram treinadas para agradar, mas hoje sentem o peito implodindo de silêncio.
Se você já cansou de ser a “boazinha evoluída” e quer se ouvir pela primeira vez — mesmo que só no papel —, esse texto é pra você.
O Conto
Ela cresceu ouvindo que “mulher educada não responde”, “boazinha é mais amada”, “ser gentil é engolir sapo e sorrir com gratidão”.
Então ela aprendeu: ao invés de dizer “não”, ela fazia bolo. Ao invés de reclamar, ela fazia mais. E quando queria chorar, sorria pra disfarçar — e quase sempre colava uma frase motivacional no Stories pra fingir que tava tudo bem.
Mas dentro dela, o peito era um armário lotado de palavras não ditas. Um grito inteiro trancado entre as costelas.
Foi numa noite qualquer — depois de servir todo mundo e ficar com o prato frio — que ela explodiu.
Não com gritos.
Mas com escrita.
Pegou um caderno velho, e sem pensar, vomitou dor com letra tremida:
“Tô cansada de ser forte, de ser boazinha, de engolir o mundo e ainda sorrir no final. Tô cansada de pedir desculpa por existir.”
Na última linha, assinou com a ponta da caneta vermelha. Era tinta, mas parecia sangue seco — o sangue emocional de todas às vezes que ela se anulou pra caber.
Ela não pediu desculpa. Pela primeira vez.
Naquele grito escrito, ela se ouviu.
E nesse silêncio quebrado, ela começou a existir de verdade.
Reflexão Emocional
Quantas vezes você silenciou sua raiva pra manter a aparência de “controlada”? Quantas vezes você fez mais do que devia só pra evitar conflito?
Essa mulher do conto não é personagem. Ela é espelho. Ela é muitas de nós.
Exercício Terapêutico: Meu Grito Escrito
Escreva um pequeno texto começando com a frase:
“Tô cansada de…”
- Sem filtro.
- Sem “mas”.
- Sem desculpas.
Depois, não apague nada. O objetivo aqui é ver a verdade nua. Finalize sua escrita com:
“Hoje eu me ouvi. E foi libertador.”
Dica: transforme esse exercício num ritual pessoal. Pode escrever num caderno, numa folha solta, ou até num bloco de notas no celular — mas escreva. A mão que escreve é a boca da alma.
Chamada Para Ação
Você conseguiu escrever seu grito? Comenta aqui ou me marca nas redes com sua frase mais verdadeira. A gente se cura quando se ouve — mesmo que sussurrando.

0 Comentários