Contoterapia: A Mulher Que Quebrou o Roteiro da Boazinha
📖 Um conto para mulheres que cansaram de agradar para pertencer
Desde pequena, ela aprendeu a sorrir com a boca mesmo quando o coração chorava. Dizia “tá tudo bem” até quando estava tudo desmoronando por dentro. Decorou o roteiro da “boazinha” como quem aprende um papel pra sobreviver: não reclama. Não exige. Não impõe limites. Não diz o que sente. E, acima de tudo, não desagrada.
Foi elogiada por ser compreensiva, por não causar problemas, por estar sempre disponível, por entender tudo e todos. Mas ninguém nunca perguntou o que ela queria. Na verdade... ela mesma tinha esquecido de se perguntar.
Até que um dia, sentada na cozinha da própria casa, depois de mais um jantar onde engoliu seco a raiva e a tristeza, ela explodiu. Não foi grito. Foi silêncio. Um silêncio diferente. Não de quem se cala. Mas de quem decide parar de fingir.
Ela levantou, lavou o rosto com a água mais fria que encontrou e se olhou no espelho como quem se vê pela primeira vez. Ali não estava uma mulher histérica. Estava uma mulher exausta. Não era ingrata. Era invisível. Não era “difícil de lidar”. Era quem engolia tudo pra manter a paz que só existia pros outros.
O Momento da Virada
Naquela noite, ela não pediu desculpas. Não explicou o próprio cansaço. Não justificou sua mudança de tom. Ela só começou a se escolher. Quebrou o roteiro. Rasgou o script. Parou de sorrir por educação. Parou de aceitar migalhas emocionais. Parou de tentar caber no papel que esperavam dela.
Foi libertador. Foi assustador. Mas foi vivo. E pela primeira vez, ela descobriu como é bom ser inteira — mesmo que isso desagrade quem só amava a sua versão editada.
🧠 Pergunta Terapêutica:
Em que parte da sua vida você ainda está seguindo o roteiro da boazinha, e o que te impede de rasgá-lo de vez?
🎯 Próxima Jornada
Se esse conto tocou seu silêncio interno, que tal experimentar a contoterapia em prática? No próximo artigo, trago um exercício guiado para romper narrativas impostas e reescrever sua história.

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